quarta-feira, dezembro 29, 2010

Estante

Eu acho que no fim das contas, eu sempre amei as possibilidades mais que as realidades. E me escondi no meio delas, tanto e com tanta intensidade, que muitas vezes me perdi. Mas tambem me achei. Talvez só por hoje. Mas por hoje, achei algum equilíbrio. E se eu acreditar o suficiente nas outras possibilidades que vejo à minha frente, talvez eu ache alguma realidade que está guardada para mim, esperando para vir à tona.

Na outra noite eu sonhei com quem me machucou muito. Nos olhávamos olhos nos olhos, concordávamos num determinado assunto e mão na mão, percebemos que era isso, que o que contava era que olhávamos na mesma direção, da mesma perspectiva e com as mesmas conclusões, ainda que depois daquilo, não nos olhássemos jamais. Se os olhos são as janelas da alma, e se lançamos os nossos olhares na mesma direção, então as nossas almas estiveram juntas, naquele instante, e isso é o que conta. O que vier depois faz parte de outra estória. E estórias não precisam ser sempre vividas. Às vezes, basta colecioná-las, mantê-las à vista para serem relidas, consultadas, folheadas, mas não para serem vividas. Como os livros na estante.
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