segunda-feira, novembro 01, 2010

As voltas do mundo

Recebi uma notinha comentando minha ausencia, e ando com saudades disso aqui. Resolvi dar uma passada, tirar o pó das prateleiras e é claro, divagar sobre a vida. 2010 tem sido um ano de revelações e renovações.

No início do ano terminei meu relacionamento de três anos e tanto, que era cheio de traições e farsas. Ele me traía e eu fazia que não via, eu traía e fazia que não via também. E o conforto da relação estabelecida e das fugas nos momentos de dor davam a impressão de segurança. Mas relação aberta nunca foi o meu forte, e o dia (após o término) em que minha amiga achava que eu realmente vivia numa relação abertament aberta, eu me dei conta de que aquilo jamais foi o que eu queria para a minha vida. E ainda ontem pensei nessa relação e pensei se ainda havia alguma lágrima a ser derramada, afinal eu tinha muito amor por ele, mas não. Caso fechado, página virada, apenas um capítulo a mais na minha história.

Uns poucos dois meses depois do término eu senti que as minhas lágrimas tinham realmente lavado a minha alma e o post de abril prova isso. E quando eu me vi bem, com uma atitude mais positiva, apareceu a pessoa que aparentemente muda toda a história da minha vida. E a gente casou um mês depois.

Eu ainda choro muito, todas as noites, mas por outros motivos. Há um mês atrás ele partiu para o Iraque a trabalho. Ao mesmo tempo em que eu aprecio ter a cama inteira para mim (sempre apreciei) as vezes ela me parece um mar sem fim. E novamente eu nao tenho ninguém pra ligar e dizer onde estou, ninguem pra ir comigo onde eu vou. Mas eu sei que eu tenho alguém, lá do outro lado do mundo que pensa em mim quando o dia dele vai de mal a pior, só pra poder encontrar forças pra continuar. E eu penso nele quando eu abro os olhos de manhã ou quando eu escovo os dentes ou vou ao supermercado. Ou em qualquer outro momento do dia.

A minha vida sempre foi marcada por distanciamentos, por despedidas e aeroportos. Eu nem pude me despedir da minha avó antes de ela falacer em dezembro. Mas ontem à noite ela me visitou e me trouxe queijadinhas. E me disse "fica com Deus, filha," como ela sempre disse. E benção de vovó é como praga de fada madrinha, sempre pega. E a vida continua e continua tendo o mesmo potencial de ser doce, como as queijadinhas da vovó. Basta a gente achar a perspectiva correta e gravar a imagem, como uma fotografia. Quantas vezes eu não lamento não ter minha câmera comigo, porque certos ângulos se perdem no segundo seguinte...

Por agora, como diria o poeta, de tudo ao meu amor serei atento... e que seja eterno enquanto dure.
© 2006 Neurótica