terça-feira, novembro 13, 2007

Super herói

Hoje eu falei com a minha vózinha.
Umas das únicas coisas boas das minhas férias em Salvador era a comilança na casa dela. Eu me acabava no caruru, vatapá, moqueca, cocada... E ela sempre foi pra mim sinônimo de atividade. Levantava cedo, ia pra feira, pro mercado de peixe, antes das dez da manhã o almoço já estava todo preparado. Apesar de pequena, ela sempre foi uma fortaleza. Aliás, eu sempre achei que foi dela que eu puxei os meus gens de mulher grande, porque na família da minha mãe, as mulheres tendiam a ser magricelas, como a minha irmã.
Hoje essa mulher que sempre foi sinônimo de fortaleza me contou como anda desacreditada da vida, e como não sente gosto em mais nada. Está à espera da morte. As pernas não tem mais força pra levá-la pra cima e pra baixo, a voz teima em não sair, a tristeza inundou aquele ânimo todo que eu conhecia.
Sempre que eu me despeço dela, o faço aos prantos. Porque eu nunca sei se será a última vez, porque eu morro de desespero em pensar na possibilidade de jamais vê-la. Ou talvez seja porque eu ache que ela mereça morrer em paz, porque a vida que ela leva hoje em dia não é digna da grande mulher que ela é. Uma parte de mim acha que descansar em paz seria melhor do que o sofrimento de se ver incapaz e esquecida, mas o egoísmo me faz querer que ela viva pra sempre.
A vida é injusta. Não é justo ver os seus heróis definharem assim sem poder fazer nada a respeito.
© 2006 Neurótica