quinta-feira, agosto 14, 2008

Just breath

Tem dias em que respirar nao parece ser uma necessidade pra mim. Literalmente. Por isso eu suspiro demais, porque eu nunca pareço ter ar suficiente nos meus pulmões. Cada vez que eu suspiro, alguém pergunta: o que foi? Nada. Como nada, porque esse suspiro tão fundo? Só porque eu preciso de ar.
Talvez nesse conceito de ar esteja também o conceito de espaço. Eu preciso de um pouco de espaço pra respirar. As pessoas à minha volta têm me confinado com perguntas, o tempo inteiro e assim, tendo que me defender de tantas perguntas, eu perco a concentração que eu preciso pra respirar.
Às vezes, quando eu estou sozinha, eu paro de respirar por alguns segundos. Parece que o mundo vai sumindo à minha volta e eu apenas existo, sem ter que ser, fazer, responder, resolver, decidir... Apenas existo, sem compromissos ou ar nos meus pulmões.
O meu desejo? Levitar. Me esvaziar desse ar que prende as coisas ao chão e levitar sobre as fronteiras e ir e vir sem dar satisfações. E não, não estou falando em morte. Não, não vou tentar me ferir, como alguém me perguntou essa semana.
Não é incrível que alguém batalhe tanto pra ser independente, pra não dever satisfações a ninguém e de repente se ver cercado de pessoas esperando pra ouvir as tais satisfações?
Tem momentos em que tudo o que se precisa é de um pouco de silêncio. E, me desculpem, eu faço qualquer coisa pra ter meu silêncio, até mesmo mentir pros mais próximos, pra poder me recolher em mim sem ter que ferir ninguém. Mas nada funciona. Às vezes eu chego a ter a impressão de há algo fundamentalmente errado comigo, com a minha pessoa. Mas depois eu penso de novo e acho que não, eles é que são errados. Por querer ajudar do jeito deles. Eu preciso de ajuda. De alguém que fale comigo sobre algo que não seja eu mesma. Eu sou notícia velha, vamos procurar um assunto mais interessante?
Muita gente fala sobre um silêncio constrangedor no meio de uma conversa. Com amigos verdadeiros, não há de constrangedor nos silêncios. Absolutamente nada.
Agora, depois de explodir nos meus sentimentos e segredos mais obscuros, pode-se julgar que eu me precipitei e ofendi. Mas sei lá, hoje eu quero sair só, ir por aí a procurar rir pra não chorar. E respirar.
© 2006 Neurótica